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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Benfica - Sucessão e Gestão no Futebol

Um clube divide-se nos seguintes sectores: direcção, equipa técnica e atletas.
Um clube com boa organização directiva confere maior estabilidade a uma equipa técnica e aos atletas, traduzida pelas interacções dirigente-treinador, treinador-atleta e dirigente-atleta. A equipa deve ser uma verdadeira religião, onde o templo é o balneário, pleno de união e blindado de onde a informação fica ali não saltando cá para fora numa política de gestão de dentro para fora e nunca de fora para dentro! Esse triângulo hierárquico deve ter como vértice principal o papel dos dirigentes, indivíduos que compreendam o fenómeno futebolístico.
O papel do bom dirigente reflecte-se em três factores essenciais:a escolha do treinador, a interferência na política de contratações e a questão do pressing negocial.
Na escolha do treinador deve ter-se em conta o seu perfil psicológico e o seu modelo de jogo preferencial que deve ir de encontro ao modelo de jogo alicerçado ao longo dos anos no clube, evitando-se mudanças bruscas.
Na interferência na política de contratações do treinador, não se permitindo saídas e entradas bruscas de atletas que ponham em risco a identidade ou mística da equipa assim como o fio de jogo existente.
No pressing negocial, ao não ser vulnerável às políticas de mercado, estabelecendo um valor para a transacção do passe do atleta nunca cedendo nas pretensões do clube comprador, pois o timing,o silêncio e até a persistência acabam por fazer valer a postura de vendedor e além disso padroniza logo o dirigente, isto é, se ele ceder muitas vezes em baixar o valor de um passe fica logo rotulado em futuras negociações ao passo que se mantiver a sua convicção o clube comprador saberá sempre que ou paga o que o dirigente quer ou não leva o atleta!
Na política de contratação do atleta observado são não só as óbvias qualidades técnico-tácticas como também o lado psicológico, na sua capacidade de resistir à pressão, na superação, determinação, ambição, disciplina, humildade, espírito de sacrifício, profissionalismo, mas também, se esse atleta se encaixa ou não na equipa, pois lembre-mo-nos que do conceito de par acção-reacção onde por vezes um jogador joga aquilo que o adversário deixa jogar e um bom atleta num determinado campeonato poderá não o ser noutro campeonato!
O mais importante na política de gestão desportiva num clube passa pela questão da transição e\ou sucessão, ou seja, manter sempre a identidade no balneário, referenciando-se atletas sempre que se preveja a saída de outro ou ter já no plantel o substituto já então rotinado para determinada.
Repare-se que com a Lei Bosman, o fluxo de atletas é evidente o que exige uma maior organização nos conceitos de gestão desportiva quer a nível interno quer externo (na prospecção de atletas formados quer na captação de talentos).
Como exemplos, deixo-vos:
A política de gestão de Fernando Martins (ex. presidente do Benfica) que foi mais tarde adoptada pelo presidente do FC Porto, Pinto da Costa e as diferenças entre o Benfica antes e depois da época 1994\1995, onde são evidentes as diferenças na questão da sucessão como factor determinante do sucesso!

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